Saban Bairamovic - "Bubamara"
Se um dia esquecesse quem era, seria o inicio de uma nova etapa, procurar ser alguém que nunca quisesse esquecer...
Acordou e junto a si apenas a forma de um espaço por preencher, um quarto decorado com paredes nuas e móveis ausentes, junto ao espaço vazio do quadro, umas janelas ornamentadas por umas sóbrias e inexistentes cortinas que deixavam entrar os raios de sol de um dia cinzento e chuvoso...
No despertar do duche, o acordar carinhoso da água gelada de uma conta de gás paga com o esquecimento, um desfazer de barba com champô e uma lâmina de vários meses com um doce corte de sangue a pingar no lavatório, um after shave de água gelada e uma manta de retalhos de pequenos pensos improvisados com papel higiénico espalhados pelo rosto...
No frigorífico a abundância de uma prateleira de super mercado vazia... em cima da mesa de cozinha uma vistosa maçã podre esquecida na fruteira e ao seu lado, um cinzeiro com beatas e um maço de cigarros vazio... num suspiro, o consolo de uma beata que se revela num cigarro apagado antes do seu real fim...
Lá fora um feliz dia tão oco como um sorriso postiço...
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