sexta-feira, junho 07, 2013

Névoa...





Cheio de palavras tristes e de cor opaca a tentar roubar-me o sorriso... não rouba, não me apetece sorrir...


domingo, abril 21, 2013

Esgravatar na terra...





Oblivion- Astor Piazzolla

Diz-me apenas diz-me o que procuras no meio de tudo o que pensas?  Diz-me o que queres que escreva sobre ti, que histórias queres que conte? Como queres que retrate o que sentes, de que cor queres que pinte as palavras que te reflectem? Fala comigo, orienta-me, guia-me a mão nos contornos de quem és para que te entenda melhor, para que consiga ser um pouco de ti e explicar-te melhor… explica-me como fazê-lo, explica-me como posso  deixar-te ser quem és na medida perfeita do teu encaixe na minha imagem, numa imagem que seja um completo de ti em mim… esqueço-me facilmente da tua voz quando me recordo do teu sorriso, perco-me de ti quando  de forma desfocada os teus passos se tornam ocos…

Diz-me por onde começar pois nunca gostei de fins alternativos a um inicio demasiado previsível...

sexta-feira, abril 12, 2013

Não sei, mas gostava de saber...

Tenho as mãos vazias de um coração esquecido...


Canção do Assobio- Dead Combo 

Não me encontro no meio de esta confusão de coisas que já não sei se conheço, que já não sei se recordo... não me encontro...

Lá fora não chove e aqui dentro escrevo a custo , já que as palavras estão sonolentas, torpes, adormecidas num sono pesado após anos de insónia...

Desencanto-me, entristeço-me, entrego-me a um "pseudo" estado de medo, aborreço-me comigo mesmo na tentativa de me acordar, mas... nada, continuo adormecido num sono profundo, fundo e mudo, surdo também e provavelmente cego...

Talvez necessite de uma morte assistida para um fim em apoteose de esquecimento para poder começar tudo novamente, num coração novo entregue numas mãos diferentes das minhas...

domingo, janeiro 20, 2013




Sinatra: "Thats life"



Um dia vou procurar vender todos os meus pesadelos a retalho para que desta forma, não haja a tentação de que os mesmo possam ser fantasias de alguém… um dia vou procurar esquecer o que me faz acreditar em algo que amo, para que esse mesmo amor  não se sinta tentado a odiar-me… um dia vou deixar um beijo na forma de um qualquer espaço, de uma qualquer forma , de um sentimento que eu apenas conheço quando o teu nome me rouba todas as palavras… 

Um dia, quando todas as palavras forem apenas algo que não sejam palavras, apenas algo sem interesse, como uma pedra da calçada que pisamos sem interesse de maior ou um pensamento sem forma de apenas um instante, como se um suspiro emprestado se tratasse, nesse dia vou apenas continuar na dúvida de mim mesmo... e isso , assusta-me, conforta-me e faz com que quem pense que fico lixado, fico lixado com "f"...

post scriptum: o "f" é  maiúsculo. 

quinta-feira, dezembro 06, 2012

Muitos dias depois e muitos dias antes...



Com o gelo a derreter no copo ao som de :"Storm"- José Gonzales 


Nas entrelinhas dos espaços em branco, encontram-se sempre excelentes esconderijos para o que queremos dizer, mas que acabamos sempre por esconder num silêncio forçado a medo por não entendermos por vezes o real significado das palavras que escolhemos para desenhar o reflexo do que sentimos... 

Surge-me a sugestão de procurar mais uma resposta para uma questão que ainda não procurei fazer-me: E agora ? Bem, questão pertinente com uma resposta cliché: deixa lá ver e depois falamos!

Dúvidas? Muitas. Angústias? Várias. Medos? Uma constante. Concebo a ideia de que a perfeição não existe na forma de uma pessoa mas que deve ser construída no significado dos seus gestos, das suas atitudes e dos seus comportamentos. Outra questão: Estarei à altura? Terei a forma e o poder de encaixe suficiente? Já são duas questões, mas quando surge uma a mesma despoleta o efeito derrocada em que n questões elevadas ao expoente de infinito, deixam-me a mente totalmente subterrada... 

Fico sem saber o que dizer a mim mesmo quando me sinto mais perdido do que achado,  a fazer tempo à espera de uma boleia que me leve a um entendimento qualquer, que me reforce os elásticos da postura pseudo serena que tento impor a mim mesmo, para não me regar com gasolina atear-me fogo e desatar a correr em chamas com rumo incerto...

Acho que vou beber mais um...



domingo, agosto 26, 2012

Dias a perder de vista ( o segundo antes do terceiro)




É fácil não ser encontrado quando o desejo é o de que todos saibam que aqui estamos, que ainda por aqui andamos, que ainda temos voz, que ainda pensamos e que ainda por vezes embora custe sintamos alguma coisa. É  na maior parte das vezes uma perda de tempo, pois é mais fácil fazer-nos notar no momento em que desaparecemos por completo...


quinta-feira, agosto 23, 2012

Dias a perder de vista ( O primeiro antes do segundo)


Saban Bairamovic - "Bubamara"

Se um dia esquecesse quem era, seria o inicio de uma nova etapa, procurar ser alguém que nunca quisesse esquecer...


Acordou e junto a si apenas a forma de um espaço por preencher, um quarto decorado com paredes nuas e móveis ausentes, junto ao espaço vazio do quadro, umas janelas ornamentadas por umas sóbrias e inexistentes cortinas que deixavam entrar os raios de sol de um dia cinzento e chuvoso...

No despertar do duche, o acordar carinhoso da água gelada de uma conta de gás paga com o esquecimento, um desfazer de barba com champô e uma lâmina de vários meses com um doce corte de sangue a pingar no lavatório, um after shave de água gelada e uma manta de retalhos de pequenos pensos improvisados com papel higiénico espalhados pelo rosto...

No frigorífico a abundância de uma prateleira de super mercado vazia... em cima da mesa de cozinha uma vistosa  maçã podre esquecida na fruteira e ao seu lado, um  cinzeiro com beatas e um maço de cigarros vazio... num suspiro, o consolo de uma beata que se revela num cigarro apagado antes do seu real fim...


Lá fora um feliz dia tão oco como um sorriso postiço...